sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ESVAZIAMENTO SEMÂNTICO OU CARÊNCIA DE VOCABULÁRIO






A motivação a respeito deste assunto se deu devido à aplicação constante do adjetivo lindo nas redes sociais. Antes, como eu conheci, o sentido de lindo ocorria quando se elogiava algo que fosse extremamente belo. Bonito demais passava a ser lindo.

Atualmente sigo esta palavra no facebook. Impressiona a quantidade de vezes que ela é usada em acepções diferentes da conhecida por mim até então.

Pode ser um rosto bonito, pode ser um laço de fita, pode ser um par de sapatos. Também uma apresentação de teatro, uma bolsa, um bigode estranho, uma foto horrível. Em qualquer situação, leio: tá lindo! Que família linda! Lindo, hein! Lindona! Foto linda! E assim por diante escreve-se o vocábulo lindo ou linda de maneira exaustiva e, é obvio, o termo se banaliza. Os exemplos que dei são poucos diante da profusão desse uso, é que precisaria demonstrar inclusive com as imagens para tornar-se mais real.

Como profissional de Letras, comecei a analisar o uso indiscriminado do termo. Deixando de lado a minha avaliação sobre a superficialidade das exposições individuais nas redes, parti para uma avaliação semântica do termo em questão, o que me levou aos gigantes Aurélio e Houaiss. E como era de se esperar, não existe a forma linda como principal, apenas como feminino de lindo. Bem, isto posto, lindo tem várias acepções semelhantes e todas chegam a sensações de deleite, formosura, primor, contemplação, harmonia. Mais curiosa fiquei pelo fato de as pessoas desconhecerem a própria língua. A nossa língua possui uma grande variedade de adjetivos com significação semelhante a lindo. Quantas palavras podem ser usadas a fim de representar o que as pessoas denominam lindo (nas redes)! Será, então, que o problema está na carência de vocabulário? E não de banalização do sentido?

Existem linguistas estudiosos em esvaziamento semântico de classes de palavras. Cheguei a pensar que a causa fosse esse esvaziamento. Há situações em que o uso consagra a forma, entretanto neste caso da palavra lindo, pensei que o uso houvesse banalizado a forma e pesquisei sobre com a finalidade de saber se já estava sendo estudado e até mesmo concluído.

Encontrei na Gramática de usos do português, de Maria Helena de Moura Neves, da Editora UNESP, 2000, a seguinte definição: “é no uso que os diferentes itens assumem seu significado e definem sua função”. Encontrei também no site nexojornal.com, em um artigo de título Palavras muito usadas perdem o sentido, da jornalista Juliana Domingos de Lima, a mesma consagrada linguista Maria Helena de Moura Neves dizer que o sentido vago que a palavra assume tem mais a ver com má aplicação do que com o excesso de uso. Juliana discorre sobre o assunto em seu artigo e cita termos como ontológico, epistemológico, literalmente, fascista, entre outros, que as pessoas por desconhecerem o significado exato para aplicação usam de modo indiscriminado o termo, abrangendo desta forma um significado não original. É a língua viva a funcionar em suas infinitas possibilidades de estruturação.

Já quanto à palavra lindo, objeto deste artigo, todos que a utilizam sabem o significado e a partir de então passa a ser genérico e de fácil penetração. O que é bom, repete!!!

Não se trata aqui de desconhecimento de significado nem de dedução de sentido pela prática. Lindo é um termo simples e antigo. Posso concluir que, devido ao aumento dos canais de comunicação propostos pela internet, a frequência do vocábulo lindo passou a ser intensa e embora tenha se ampliado o seu significado e represente a dinâmica natural de uma língua, a falta de vocabulário e de criatividade nesses casos são a razão principal. De qualquer maneira, há de se compreender as possibilidades humanas de imaginação e quiçá possam daqui a um tempo os usuários das redes sociais conhecerem outros vocábulos tão formosos e belos como lindo e o substituir nas devidas ocasiões.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

DÊ LIVROS DE PRESENTE! Prestigie escritores petropolitanos


Oi, pessoal! mandei fazer um flyer para divulgar o livro Dois agora no Natal.

Ei-lo:


A frente é a 1ª capa do livro com a orelha aberta e um pedacinho da 4ª capa sem ISBN e código de barras.
Frente
Verso



O verso é a respeito do conteúdo e dos pontos de venda.

  A angústia de um pesar      Durante a madrugada me vieram lembranças. Um tanto quanto estranha a minha alma estava que, ...