terça-feira, 3 de dezembro de 2019

UM BRINDE À AMIZADE! Rita Tré Becker

Churrasco da Turma do Val em 02 de dezembro de 2019, Petrô do Val.


Há muito tempo,
há muito tempo mesmo nos conhecemos…

Um grupo aqui, outro grupo ali,
meninos e meninas…

O mesmo bairro,
uns mais perto, outros mais longe,
pessoas…

Encontros memoráveis, risadas gostosas,
crescíamos juntos.
Crianças, depois jovens, agora adultos e põe adultos nisso…

Sorrisos, choros, gargalhadas,
amores, algumas dores,
saberes e falares…

Bares, muitos bares.
Noite, muitas noites
e madrugadas estreladas… ainda que chovesse!

Rolling Stones, Led Zepellin
Janis Joplin, Pink Floyd, The Carpenters,
John Travolta, Supertramp,

Caetano, Gil, Bethânia, Gal,
Chico, Tom, Vinícius, Elis…
Roberto Carlos?

Quantas memórias boas!

Mas algo aperta o coração:
é a falta que alguns nos fazem.
foram antes, bem antes …
Fica a lembrança e a saudade que dói.

Vamos em frente!
Sigamos nosso caminho.

Há muito tempo nos conhecemos, não pode ser por acaso,
o acaso não existe, não é?

O acaso é apenas uma ferramenta do destino
que nos aproximou
e até hoje nos aproxima, de um jeito ou de outro.

O tempo arruma as coisas, alguns dizem.
O tempo arrumou de nos unir.

O dia de hoje será para sempre.
Assim como a vida nos uniu um dia
e para sempre ficamos por perto uns dos outros.

Mesmo que o tempo e a distância digam não, (*) 
serão para mim únicos no mundo,
pois vocês deixaram um pouco de vocês comigo
e levaram um pouco de mim...

Um pouco de cada um de nós
criou um todo que se tornou a Turma do Val.

Viva a nossa amizade!

(*) Nessa estrofe realizei intertextualidade com Canção da América, de Milton Nascimento e um trecho de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

AMOR E REVOLUÇÃO - um filme pertinente





Amor e revolução. Tradução em português para o título do filme original Colonia. Baseado em fatos de uma época conturbada da ditadura chilena. Um rapaz alemão é ativista no Chile contra a arbitrariedade de Pinochet, que tomou o poder após um golpe de Estado contra Salvador Allende. Daniel namora Lena, uma aeromoça, que vai ao seu encontro em um período de descanso e o encontra militando na rua.
Nas décadas de 60 e 70, os militares deram golpe de Estado em quase toda a América do Sul e se tornou uma ditadura. No Chile, durou uns 17 anos. O casal protagonista foge da opressão nas ruas, mas Daniel com o coração revolucionário resolve tirar fotos do abuso de poder dos soldados e é notado por um grupo deles. Lena e Daniel são presos junto aos outros e levados a uma triagem, quando então Daniel é reconhecido por um dedo duro e some da vista de Lena.
Na busca por seu amor, Lena descobre que o levaram para uma colonia que aparentemente era um lugar de cultos religiosos, todavia pertencia a um pregador fanático, um nazista fugitivo. Lá, ele mantinha alguns presos políticos em conluio com o ditador chileno e realizava torturas (método injustificável bastante utilizado por ditadores). O lugar era conhecido como Colonia Dignidad.
O filme aborda os acontecimentos na Colonia, de forma que ficamos sabendo como a fé usada para o mal consegue afetar a fraqueza da mente humana. Naquele local aconteciam abusos sexuais de crianças, violência contra as mulheres e empoderamento dos homens até não ultrapassarem o poder do nazista Paul Schäfer (Michael Nyqvist), além de parte do mote do filme que foi a tortura de Daniel, quase o deixando louco.
A engraçadinha Lena (Emma Watson) consegue encontrar Daniel (Daniel Brühl) e lutam para se libertarem daquele lugar. O filme faz as pessoas se indignarem, denuncia maus tratos e relata a dureza de um tempo que passou, porém deixou marcas indeléveis na América, nesse caso, no povo chileno.
O filme alemão, de 2015, é dirigido por Florian Gallenberger.


E TEM GENTE QUE AINDA APOIA TORTURADOR. VAI ENTENDER...




domingo, 28 de julho de 2019

UM CHORO QUE NINGUÉM OUVE



Chorei um choro solitário nessa madrugada,
de modo que ninguém ouviu…
Chorava o meu coração,
choravam também os meus olhos.
Sem muito alvoroço, eu chorei baixinho,
de modo que ninguém ouviu…
Apertado, o meu peito dificultava o meu respirar
e às vezes eu soluçava,
pensava na tristeza de uma nação,
em um povo sofrido.
Lembrava dos olhos daqueles miseráveis
iguais em todos os lugares, os miseráveis de Victor Hugo e
os miseráveis de todo o mundo.
Chorava dentro do peito e às vezes até tinha lágrimas,
eu as secava devagarzinho, de modo que ninguém viu…
Chorei durante um longo tempo
um choro engolido, em saltos pela garganta.
Imaginava as vozes que nunca são ouvidas,
as dores que nunca têm solução.
Chorava em silêncio, de modo que ninguém ouviu…
Um choro que não era só meu,
um chorar coletivo de gente pobre e faminta
com a humildade no olhar.
Essa gente que ninguém vê,
que chora a vida toda e ninguém ouve...
Rita Tré Becker

segunda-feira, 27 de maio de 2019

À BEIRA DO LAGO PARANOÁ



Fonte: Wikipédia

Esses dias, por acaso, na casa de amigos, assisti a uma entrevista da jornalista Andreia Sadi, na Globo News, com a esposa do vice-presidente da República, Paula Mourão. O local era de uma beleza extrema: o piso, as cores, a paisagem, um jardim imenso, o pôr do sol (uma parte da entrevista aconteceu na área externa), obras de arte espalhadas por toda a área interna. Estavam no Palácio do Jaburu, que é a residência oficial do vice-presidente de nosso país. À beira do lago Paranoá. Uma maravilha de construção!
Assuntos supérfluos, nada que fizesse motivar a curiosidade de uma telespectadora pouco interessada, na verdade, nessa entrevista. Assistindo por assistir, apenas. Muitos sorrisos, muita simpatia, todavia o que me chamou a atenção foi mesmo o local: belíssimo! De repente, a Sra. Paula Mourão recebeu um aviso de que o vice-presidente estava chegando e foi recebê-lo como – ela mesma contou – faz todos os dias. Envolto em seguranças e com a tranquilidade de missão cumprida dos generais da reserva, ele chegou. Brincadeiras e agrados à parte, voltaram à entrevista.
A seguir, a conversa bastante informal aconteceu no lado de dentro da residência. Local bastante amplo e de muito bom gosto. As perguntas continuaram suaves e de boa intenção jornalística. Nenhuma situação constrangedora e nenhuma informação relevante. Apenas uma boa conversa de comadres, eu diria.
Ah! Mas a residência oficial do vice-presidente é mesmo bela! Quanto espaço! Uma vista espetacular. Naquele momento, o sol e o lago criavam juntos uma beleza divina. Uma composição perfeita! Brasília é mesmo incrível! Naquele espaço, apenas do lado de fora, caberiam uns quatro barracos da periferia de lá, a periferia que existe em todo lugar.
Brasília - o centro do poder - é, de fato, um outro país. Naquela hora, pensei nas pessoas que vivem por aí, sem casa para morar. Confesso saber que ninguém, ou melhor, quase ninguém se importa com isso. Penso que dificilmente alguém que estivesse assistindo a tal entrevista estaria sequer lembrando dos barracos em comunidades carentes. Menos ainda dos cantos e vias das favelas em que se esconde a podridão perversa do tráfico. Quando olhei para a imagem do lago e a do pôr do sol, lembrei de uma reportagem sobre o absurdo percentual de pessoas vivendo, no Brasil, sem saneamento básico, com fezes boiando nas águas sob as janelas, se é que posso chamar de janelas aqueles quadrados nas paredes de tijolos aparentes. Um contraste dramático e incorrigível.
Local: Sol Nascente, Ceilândia, Brasília-DF
Fonte:  RadarDF, 15 jan. 2018
O destino é implacável, cada um tem o que merece nessa vida, é o que dizem por aí. Sei lá, este coração não compreende tanta injustiça social. Não adianta, digam o que quiserem, maldigam isso ou aquilo, entretanto este posicionamento será até morrer. O nome para isso é convicção. De que forma podem ser entendidos o desdém da sociedade e mais ainda o descaso das autoridades (se é que são autoridades), muito menos como se relacionar alheia à tristeza nos olhos das pessoas que vivem a pobreza e, bem mais que isso, convivem com a miséria.
À beira do lago Paranoá, o Palácio do Jaburu, uma afronta de tão belo e impávido, uma forma de mostrar ao povo o que significa tanto poder e descaramento.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

O CORRUPTO E O IMBECIL



Uma tese sobre políticos no Brasil atual

Se um político corrupto for identificado e sua culpa comprovada, deverá ser julgado; daí, se ele for de fato corrupto, deverá ser preso e ponto final. Agora, um político imbecil nasce imbecil (a imbecilidade é congênita), cresce imbecil, e aí a imbecilidade evolui, depois ele envelhece imbecil o que é agravante. E então ele morre imbecil. Ou seja, para o político imbecil só morrendo que acaba.
Há um detalhe, descobri recentemente que a imbecilidade também é contagiosa. Ferrou mais ainda.

  A angústia de um pesar      Durante a madrugada me vieram lembranças. Um tanto quanto estranha a minha alma estava que, ...