domingo, 1 de outubro de 2023

 

A angústia de um pesar


    Durante a madrugada me vieram lembranças. Um tanto quanto estranha a minha alma estava que, ao perder o sono, entrei profundamente no universo da reflexão. Comecei a tentar entender a angústia que passou a existir em meu peito de uns tempos para cá. Aos poucos fui me lembrando de quando comecei a perceber esse quadro de angústia que não passa. Deve ter uns três anos ou mais um pouco.

    Todo dia sinto um desconforto no peito. Acordo com um gosto de desgosto na boca. Fico repassando os momento vividos no meu dia a dia e não encontro nada que tenha acontecido de ruim, em meu particular, para que se mantenham esses sentimentos.

    Na madrugada de segunda para terça, revi esses últimos três anos e entendi o que me angustia. O sentimento de um mal pairando em nossas cabeças. Brigas constantes, ofensas, mal entendidos, notícias mentirosas que confundem a cabeça dos menos afortunados na leitura. Obscurantismo, ideias estapafúrdias, criaturas saídas do inferno da terra. Assim como se fosse uma espécie de Walking Dead. Entristeço ao lembrar de pessoas amigas que vejo defendendo isso tudo. Como se fosse apenas uma questão de opinião.

    Comportamentos fascistas, de extrema direita, estão acontecendo no Brasil e tendo seguidores. Isso é fato. Gostar desse comportamento fascista - aí sim - é opinião. A terra é redonda e isso é um fato. Não é questão de opinião. As pessoas estão com fome e isso é um fato. Não é questão de achar ou não achar. O fumo revela dependência química e isso é um fato, não é acho ou não acho que sou dependente químico se eu fumar. Fato é fato. Infelizmente, pessoas sem convicção nenhuma ouvem outras pessoas com convicção desse extremismo que tomou vulto e apoiam.

    E, desta maneira, seguem os dias. As eleições para presidente da República estão perto. Lá, na cúpula do poder, estão em alvoroço. São poderosos brigando com poderosos. E por que são poderosos? Porque sabem mais do que a maioria de nós como aquilo tudo funciona. Porque damos àquelas pessoas tanto poder que manipulam nossas ideias. E o interesse delas fala muito mais alto. E vem argumento pesado nessas campanhas. Peço a Deus que nos dê discernimento.

    Nesse momento me atenho ao que me angustia, ou seja, ao mal que ronda nosso país, que nunca mais será o mesmo. O fascismo de extrema direita entrou na cabeça de muita gente sem noção. E também de muita gente inteligente, é onde está o perigo, pois nesses casos ele já existia, o que faltava era estar no poder. Guerra cultural. Como se os exemplos desse comportamento negativo em outros países não fossem suficientemente capazes de dar um basta.

    Fascismo de extrema direita, em que um cidadão negro se enche de empáfia e se torna inimigo da mesma cor, em que uma cidadã branca se une a um grupo extremista e acampa em frente ao Palácio do Planalto, ofende magistrados como se essa fosse a solução para um país falido de orgulho. O atual chefe do Executivo, 2022, ofende uma jornalista em público e dizem que é questão de liberdade de expressão. Entre outros aspectos evidentes de fascismo que me perderia em tantos para elencá-los.

    Palavras de impacto como família, liberdade, Deus, pátria, são impostas para pessoas acreditarem no poder de quem as espalha com veemência falsa. Desde quando - eu pergunto - a família se perdeu? Família, para quem não sabe ou não parou para pensar, é inerente à humanidade. Ninguém acaba com a família. O que acontece, e isso faz parte da evolução humana, é mudarem os modelos de família. O que é saudável. Imagine você – e eu estou generalizando - uma família de pai, mãe e uma filha e um filho. Modelo bem tradicional. Morreria na hipocrisia. Sucumbiria com a falta de criatividade. E liberdade, Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada que você pode usar do jeito que quiser”, não é a permissividade de ofender. Ofender é injúria. Inventar acontecimentos e ir além compartilhando não é liberdade. É difamação, calúnia, desinformação. E quanto a Deus, Deus está em nossos corações... ou não. Pátria acima de tudo é fascismo.

O mais importante é o bem de todos. Lutar pelo bem comum. A economia, a saúde, a educação, a segurança pública, o meio ambiente, tudo isso deve prevalecer em vez de tanta estupidez ideológica, que não nos levará a lugar nenhum.

Dividir um pouco a minha angústia, talvez minimize meu pesar. O mais triste é que, de qualquer jeito, o Brasil ficará com marcas indeléveis desses momentos estúpidos e insanos que estão nos fazendo passar.

Escrito em 2022

  A angústia de um pesar      Durante a madrugada me vieram lembranças. Um tanto quanto estranha a minha alma estava que, ...