segunda-feira, 14 de setembro de 2020



Vídeo com o áudio do conto  PURA DISTRAÇÃO
 
Conto do livro Dois, antologia lançada pela minha editora, em 06 de maio de 2017, escrita por duas pessoas, sendo uma mulher e um homem.
Vale a pena ouvir e, se quiser comprar, entre no site da editora ideiaeideaiseditora.com e faça um contato.
 
 
 

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Eutanásia - Uma obra dedicada à vida



Fernando Luiz de Pércia Gomes acaba de publicar seu primeiro livro: Eutanásia - Uma obra dedicada à vida, com a coordenação editorial d Ideia e Ideais Editora. O assunto árido e também polêmico é tratado neste livro a partir de um trabalho meticuloso de pesquisa em obras de consagrados escritores. Conteúdo que o autor entremeia com artigos sobre eutanásia que escreveu e publicou em jornais da cidade, quando o assunto era quase um tabu, e, de coração aberto, narra experiências vividas por ele que emocionam. Sem evasivas, não deixa dúvidas sobre sua posição em defesa da vida. Relembra fatos ocorridos na cidade de Petrópolis, na segunda metade do século XX, e nos oferece excelente material para reflexão.
Fernando é petropolitano, advogado, jornalista, escrivão da Justiça aposentado e 1º Tenente R/2 do Exército Brasileiro. Devido à pandemia, aguarda um momento mais adequado para realizar o lançamento físico de seu livro, por isso está sendo planejado um pré-lançamento on-line, cuja data, em breve, será divulgada. A pré-venda já está acontecendo pelo Facebook, em algumas bancas de jornais da nossa Petrópolis e no site da editora. O projeto gráfico é do designer André Hansen.


quinta-feira, 2 de julho de 2020

POR INTERMÉDIO DOS LIVROS, EU FALO SOBRE...



Travessias no aspecto desafiador do comportamento humano

Sugiro a leitura de:
História de Savanas e Glaciares Africano, de Marcelo Lemos 

Este livro é fruto de perseverança, comprometimento, atingimento de metas em busca de um ideal. Apesar de inicialmente se deparar com experiências mal sucedidas e dificuldades à toda prova, Marcelo Lemos insiste e persiste na realização dessas aventuras no continente africano e as torna realidade. Um legado histórico do continente dá a esta obra o mérito de utilização para pesquisa de dados, detalhes do sofrimento de um povo enriquecem o conhecimento do leitor e fazem com que nos solidarizemos com a dor daqueles que vivem uma discriminação secular.
O autor Marcelo nos deixa uma lição, ou melhor, várias lições de superação. Revela-nos a sua luta para conseguir verba para a próxima viagem, o seu encontro com a companheira e mãe de seus dois filhos, os lugares por onde passou, a história dos povos africanos, a exploração que sofreu esse continente, os momentos de tensão nas ascensões dos maciços montanhosos, a preparação psicológica e física para essas ascensões. Baseia-se em três pilares: família, estudo e esporte para dirigir a vida e procura deixar esses valores para seus amados filhos.
Entremeia as partes do livro, que são duas Tanzânia e Uganda, com fotos belíssimas.

O resultado final saiu em pouco mais de um mês. Quando acessei a internet, o coração pulsando rapidamente e sem pensar no que aconteceria se eu não fosse classificado, vi minha colocação: primeiro lugar!”


Pensei em todas as pessoas que eu gostaria que estivessem vendo aquilo. Uma emoção sem controle tomava conta do corpo, da alma e da mente. Finalmente eu estava no topo da África, no Kilimanjaro!”


História de Savanas e Glaciares Africanos tem uma linguagem simples de fácil leitura. São catorze capítulos que compõem as duas partes do livro. Uma leitura gostosa e agradável. Vale a pena superar as dificuldades para chegarmos ao topo do nosso objetivo.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A chuva, a terra e você


Gosto de olhar a chuva,
de ouvir o som da água chegando.
Gosto de sentir a frescura do ar,
de molhar a mão,
molhar o rosto,
na água da chuva,
que vem refrescar a terra.

Gosto de olhar para a chuva,
de olhar a cor azul do céu sumindo.
Gosto de sentir a calmaria aparente,
de pertencer ao grão,
pertencer ao chão da terra,
que a chuva há de encharcar.

Gosto de olhar através da chuva,
de tocar na gota que escorre do fio.
Gosto de sentir nos cabelos,
de sentir no corpo,
o gelo da água da chuva,
que vem refrescar a terra.

Gosto de olhar na cor da chuva,
de imaginar a chuva azulando.
Gosto de sentir o gosto da chuva,
de experimentar o sal,
experimentar o doce da terra,
que a chuva há de encharcar.

Gosto do barulho vagaroso da chuva
a chegar do céu ao chão.
Gosto de sentir o frescor do ar,
o friozinho que brota do mar.
E molhar meu corpo
em meio a água da chuva,
que vem refrescar a terra.

Gosto do seu corpo na chuva,
de pensar nele ao meu encostando.
Gosto de olhar você,
de sentir seus lábios molhados,
senti-los sobre os meus.
Corpos deitados na terra,
que a chuva há de encharcar.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

SINTO VERGONHA…




Domingo. Pede cachimbo, dizia minha vó materna. As tradições de família, as lembranças do jeito de ser das pessoas… Foi em um domingo, um desses, estive em um evento literário em Petrópolis. E um momento me transformou. Sei que a literatura tem o poder de iluminar as mentes. Um livro pode fazer grandes alterações em nossa forma de enxergar a vida.
O mote do bate-papo era a antologia Negras Crônicas : escurecendo os fatos. O assunto era mulheres negras e suas vivências. O livro contém umas quarenta narrativas que dizem respeito a uma quantidade significativa de experiências ruins vividas pelas autoras publicadas.
Eu participava da roda de conversa e duas das autoras, que estavam presentes, começaram a falar sobre o livro, sobre o edital e sobre a publicação. Todavia, o assunto que tomou vulto, e não poderia ser diferente, foi a questão do racismo.
Em depoimentos bastante emotivos e indignados elas apresentaram as suas relevâncias.
Costumo fazer de minha trajetória uma jornada de aprendizado e procuro sempre melhorar como ser humano. Aos poucos, apesar de ouvir absurdos sobre os negros durante minha vida, eu passei a ter o meu próprio pensamento a esse respeito e já há bastante tempo que tirei de mim o sentimento de inferioridade que pessoas sentem pela população afrodescendente. Olhares de desdém, por mais que tenham instrução, competência e sabedoria.
Carregam um passado nas costas assim como todos nós carregamos. Porém, um passado que se mantém na cor da pele até hoje e machuca.
A conversa continuou bem acalorada. As autoras que lá estavam, mulheres cultas e bem articuladas, conduziram o assunto racismo com conhecimento de causa. A mais jovem com força no olhar e muita vontade de construir uma outra vertente dessa história de escravidão e subserviência que se mantém atual, por mais luta que haja. A mais madura com excelente performance elocutiva parecia ter no olhar mais tristeza e, devido à vivência acumulada, carregar mais decepções. Um acontecimento único em minha vida, porque até então ainda não tinha presenciado esse tipo de fala. É muito diferente assistir a entrevistas na TV, ou ler nos jornais e nas mídias de todos os tipos.
Apesar do respeito ao assunto e do meu interesse pelo que estava acontecendo, eu, como editora, tinha a curiosidade de saber sobre o que cada uma delas havia falado no livro. Quais as histórias que contaram. Eu gosto de ouvir histórias. Pensei em interromper, não foi possível. Fiquei na posição de logo que desse eu faria uma pergunta. Quando então alguém se manifestou sobre se devemos falar ou não o assunto e como é delicado tocar nas feridas das pessoas. Foi aí que eu aproveitei. Em um comentário muito breve e ingênuo disse que, em minha opinião, deve-se deixar pra lá, não ficar falando do comportamento antiético das pessoas, não é bom reforçar o negativo. Pensava que, simplesmente, se a discriminação racial nunca mais fosse lembrada, poderia acabar e se dissolver no ar.
Descobri que não é bem desse jeito.
Elas viraram para mim e, em um rompante, disseram mais ou menos assim:
- não, não devemos deixar para lá. Temos de falar o que acontece. E as outras pessoas devem nos ajudar e devem ir de encontro ao comportamento racista.
Embora um pouco sem graça, resolvi não me defender e apenas as ouvi. Uma outra moça também de pele negra se manifestou e apoiou a maneira de se revoltar dos jovens, do uso dos cabelos soltos, do orgulho de ser negro. O que eu também apoio. Eu pensei, mas não disse. Não consegui dizer.
Por fim, perguntei a respeito do que tinham escrito no livro. Uma delas contou sobre um passeio que fez com conhecidos em uma fazenda do Vale do Café. Ao visitarem a senzala, existia uma representação bem real, em cera, de negros presos e acorrentados, como se estivessem mesmo sangrando, em tamanho natural. Ela disse: doeu na pele! E ainda acrescentou que um menino negro, visitante, começou a chorar. A partir desse relato, ainda contaram mais um bocado das histórias de discriminação.
Alguns exemplos de outros países foram lembrados, em que as pessoas têm vergonha do acontecido, como o holocausto, na Alemanha, por exemplo. Aqui, no Brasil, parece que uma parte da população orgulha-se da escravidão e do que aconteceu naquelas épocas. Fora ofensas, ironias e comentários desagradáveis de alguns.
Pois é, naquela hora, um silêncio se instalou em mim, fez-me refletir mais ainda sobre a discriminação racial e de qualquer outro tipo. Aprendi que não basta só não pensar como pessoas racistas, é preciso agir. É necessário combater essa prática tão presente em nosso país. Reagir e dizer que sinto vergonha daquele comportamento de época, e repudiar de modo veemente atitudes ainda tão cruéis e semelhantes da nossa sociedade atual.
Recentemente, já modificada por aquela conversa, fui visitar uma cidade do Vale do Café: Vassouras. Estou fazendo uma espécie de tour particular em algumas dessas cidades. Eliminei as imersões às fazendas de café. Não me interesso mais por lugares de luxo e riqueza que existiam e se desenvolviam por intermédio de exploração, sofrimento e humilhação.
O livro Negras Crônicas foi escrito por mulheres negras e revelou talentos. Algumas histórias chegam a enojar de tão deprimente que é o ser humano sem noção de nossa pequenez. Mulheres fortes e trabalhadoras, estudiosas, mães, filhas, tão iguais a todas nós. Vale a pena ler para conhecer as escritoras e também sentir vergonha de fazer parte de uma sociedade tão ridícula e sórdida, nesses aspectos.

  A angústia de um pesar      Durante a madrugada me vieram lembranças. Um tanto quanto estranha a minha alma estava que, ...