Desde
que eu pensei em criar este blogue, procurei saber sobre a origem e o
significado do vocábulo BLOG.
Tenho graduação em Letras e verdadeira paixão pelas palavras e as
infinitas potencialidades criativas na formação de novos termos.
Assim
que comecei a divulgar o resenhasefolhetins.blogspot.com, as pessoas,
naturalmente, começaram a me chamar de blogueira. E, sem eu mesma
saber por quê, não me sentia muito à vontade com essa denominação.
Resolvi
pesquisar como ocorreu a escolha do termo blogueira e não bloguista,
por exemplo. Este termo me é mais simpático e o preferi
imediatamente.
Como
tudo na web parece já ter sido dito, é óbvio que esse tema não é
exceção.
Encontrei
muita gente falando sobre a criação de blog e algumas pessoas
também falando sobre blogueira e bloguista. A criação de um
blogue, segundo fontes na internet, se deu em 1997, por Jorn Barger.
Ele criou o web log, e daí o próprio mecanismo da dinâmica da
língua levou ao termo blog
(web log>weblog>we blog>blog).
A
partir daí, sem muita dificuldade podemos entender o que aconteceu.
O vocábulo blog entrou em nosso dia a dia. Como acontece nas línguas
pelo mundo afora, as palavras se aglutinam, se justapõem, se derivam
e, assim, o léxico se revitaliza. O termo blog, em nossa língua,
uniu-se a um dos elementos sufixais formadores de profissão
existentes e voilà:
BLOG + EIRA(O) = BLOGUEIRA
(O).
Na
língua inglesa, a saber, também ocorreu o mesmo processo de
formação com o sufixo -er (BLOGGER), haja vista outros como
winner, rapper etc.
Só
que a dúvida continuou. Por que blogueira e não bloguista?
Pesquisei,
pesquisei, pesquisei. Li em M. Rodrigues Lapa, no maravilhoso
Estilística da Língua Portuguesa, pg 77, que
“É nos sufixos
que a descarga das paixões se dá com maior energia”;
encontrei
em Evanildo Bechara, na sábia Moderna Gramática Portuguesa, 37ª
edição, pg 357, que
“Os
sufixos dificilmente aparecem com uma só aplicação; em regra,
revestem-se de múltiplas acepções e empregá-los com exatidão,
adequando-os às situações variadas, requer e revela completo
conhecimento do idioma.”
Os
sufixos -eira e -ista
têm
um traço semântico em comum, ambos
são também formadores
de termos que indicam ocupação, ofício, e a preferência,
no caso daquele que se ocupa trabalhando em um blogue, se deu para
blogueira(o).
Como
a permanência dos vocábulos na
língua, ainda que estejam em
desacordo com a gramática, - e não que seja este o caso -, se
consagra pelo uso, o termo
blogueira me parece ter vencido.
Agora, com isso não quer dizer que
eu não possa usar bloguista, partindo
do princípio de que para a formação e
o consequente uso de termos
recentes na língua há de
haver um tempo para
a escolha
de um ou de
outro, ou até mesmo serem
usados os dois. São as
chamadas
variantes linguísticas.
Alguns
estudiosos dos processos de formação de palavras dizem que é na
sufixação que ocorre o processo de revitalização do léxico com
maior vitalidade e ainda que o sufixo -eira é um dos mais
produtivos da nossa língua, todavia existe nele uma potencialidade
pejorativa.
Penso
que existe sim uma conotação pejorativa no termo blogueira - e por
isso me pareceu desagradável.
Para
concluir, a escolha de blogueira(o) pode ter surgido
da contaminação com o termo funkeira(o), que
embora tenha significado
diferente, tem prestígio
popular e o uso se
disseminou.