sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

LEITURA E COLHEITA (II) - O FASCÍNIO DA LEITURA (continuação)

LEITURA E COLHEITA (II)


A partir de então, Luzia de Maria continua com a história da escola. Faz-nos recordar a época medieval em que a aprendizagem era um legado absolutamente natural, fazia parte da convivência entre adultos e crianças; após a ascensão da burguesia no século XVIII os cuidados com a educação fizeram com que a escola fosse instalada e essa noção compartimentada dos negócios e da família, em que a família ficou em lugar mais privativo e os negócios ficaram nas ruas, está aí até hoje. Provocou-se assim uma fenda entre a vida em família e a escola. 
 
Surgiu então a pedagogia do silêncio. Com excesso de normas disciplinares. A autora lista três ingredientes para o que ela chama de arbitrariedade em nome da disciplina: 
- tradição; 
- despreparo de professores; 
- o autoritarismo das últimas décadas.

Para ela, elegeu-se o silêncio em sala de aula - em nome da disciplina - como condição indispensável para a eficácia da aprendizagem.

Luzia de Maria segue a corrente pedagógica de uma educação libertadora de Paulo Freire e Darcy Ribeiro e apoia a interatividade entre professor e aluno, alunos e alunos. Associando o direito à palavra como condição primordial para o desenvolvimento cognitivo. Ler e escrever. Falar e ouvir. Levar em consideração a história de cada um.
Fala do dever com a formação do homem, que acontece na escola, por conseguinte devemos educar para o questionamento, para o diálogo e para a transformação.

Sendo a nossa sociedade letrada, sendo o nosso mundo permeado pela escrita, se faz mister situar-nos na realidade da leitura. Para a autora, as crianças devem ter acesso aos livros, aos jornais, às revistas. Que por sua vez, precisam ser postos ao alcance de todas as classes.
E o papel da escola surge no momento de oferecer e de criar condições para que uma criança, qualquer criança, possa penetrar no mundo da escrita. Preconiza como atividade pedagógica levar a criança a conhecer o longo caminho para a produção de um livro, ver com seus próprios olhos o processo do início ao fim; conhecer a relação intrínseca que têm a escrita e a leitura.
E nesse processo de formação de leitores, o professor precisa se tornar leitor ávido. O professor precisa ter esse comprometimento.

Verba volant, exempla trahunt. As palavras movem, os exemplos arrastam (Pe. Antônio Vieira)

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