A
partir de então, Luzia de Maria continua com a história da escola. Faz-nos recordar a época medieval em que a aprendizagem era um
legado absolutamente natural, fazia parte da convivência entre
adultos e crianças; após a ascensão da burguesia no século XVIII
os cuidados com a educação fizeram com que a escola fosse
instalada e essa noção compartimentada dos negócios e da família,
em que a família ficou em lugar mais privativo e os negócios
ficaram nas ruas, está aí até hoje. Provocou-se assim uma fenda
entre a vida em família e a escola.
Surgiu
então a pedagogia do silêncio. Com excesso de normas disciplinares.
A autora lista três ingredientes para o que ela chama de
arbitrariedade em nome da disciplina:
- tradição;
- despreparo de
professores;
- o autoritarismo das últimas décadas.
Para ela,
elegeu-se o silêncio em sala de aula - em nome da disciplina - como
condição indispensável para a eficácia da aprendizagem.
Luzia
de Maria segue a corrente pedagógica de uma educação libertadora
de Paulo Freire e Darcy Ribeiro e apoia a interatividade entre
professor e aluno, alunos e alunos. Associando o direito à palavra
como condição primordial para o desenvolvimento cognitivo. Ler e
escrever. Falar e ouvir. Levar em consideração a história de cada
um.
Fala
do dever com a formação do homem, que acontece na escola, por
conseguinte devemos educar para o questionamento, para o diálogo e
para a transformação.
Sendo
a nossa sociedade letrada, sendo o nosso mundo permeado pela escrita,
se faz mister situar-nos na realidade da leitura. Para a autora, as
crianças devem ter acesso aos livros, aos jornais, às revistas. Que
por sua vez, precisam ser postos ao alcance de todas as classes.
E
o papel da escola surge no momento de oferecer e de criar condições
para que uma criança, qualquer criança, possa penetrar no mundo da
escrita. Preconiza como atividade pedagógica levar a criança a
conhecer o longo caminho para a produção de um livro, ver com seus
próprios olhos o processo do início ao fim; conhecer a relação
intrínseca que têm a escrita e a leitura.
E
nesse processo de formação de leitores, o professor precisa se
tornar leitor ávido. O professor precisa ter esse comprometimento.
Verba
volant, exempla trahunt. As
palavras movem, os exemplos arrastam (Pe.
Antônio Vieira)
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