quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

BLOGUEIRA OU BLOGUISTA



Desde que eu pensei em criar este blogue, procurei saber sobre a origem e o significado do vocábulo BLOG.
Tenho graduação em Letras e verdadeira paixão pelas palavras e as infinitas potencialidades criativas na formação de novos termos.

Assim que comecei a divulgar o resenhasefolhetins.blogspot.com, as pessoas, naturalmente, começaram a me chamar de blogueira. E, sem eu mesma saber por quê, não me sentia muito à vontade com essa denominação.
Resolvi pesquisar como ocorreu a escolha do termo blogueira e não bloguista, por exemplo. Este termo me é mais simpático e o preferi imediatamente.

Como tudo na web parece já ter sido dito, é óbvio que esse tema não é exceção.

Encontrei muita gente falando sobre a criação de blog e algumas pessoas também falando sobre blogueira e bloguista. A criação de um blogue, segundo fontes na internet, se deu em 1997, por Jorn Barger. Ele criou o web log, e daí o próprio mecanismo da dinâmica da língua levou ao termo blog 
(web log>weblog>we blog>blog).

A partir daí, sem muita dificuldade podemos entender o que aconteceu. O vocábulo blog entrou em nosso dia a dia. Como acontece nas línguas pelo mundo afora, as palavras se aglutinam, se justapõem, se derivam e, assim, o léxico se revitaliza. O termo blog, em nossa língua, uniu-se a um dos elementos sufixais formadores de profissão existentes e voilà
BLOG + EIRA(O) = BLOGUEIRA (O).

Na língua inglesa, a saber, também ocorreu o mesmo processo de formação com o sufixo -er (BLOGGER), haja vista outros como winner, rapper etc.

Só que a dúvida continuou. Por que blogueira e não bloguista?

Pesquisei, pesquisei, pesquisei. Li em M. Rodrigues Lapa, no maravilhoso Estilística da Língua Portuguesa, pg 77, que 

“É nos sufixos que a descarga das paixões se dá com maior energia”

encontrei em Evanildo Bechara, na sábia Moderna Gramática Portuguesa, 37ª edição, pg 357, que

Os sufixos dificilmente aparecem com uma só aplicação; em regra, revestem-se de múltiplas acepções e empregá-los com exatidão, adequando-os às situações variadas, requer e revela completo conhecimento do idioma.”

Os sufixos -eira e -ista têm um traço semântico em comum, ambos são também formadores de termos que indicam ocupação, ofício, e a preferência, no caso daquele que se ocupa trabalhando em um blogue, se deu para blogueira(o).

Como a permanência dos vocábulos na língua, ainda que estejam em desacordo com a gramática, - e não que seja este o caso -, se consagra pelo uso, o termo blogueira me parece ter vencido. 

Agora, com isso não quer dizer que eu não possa usar bloguista, partindo do princípio de que para a formação e o consequente uso de termos recentes na língua de haver um tempo para a escolha de um ou de outro, ou até mesmo serem usados os dois. São as chamadas variantes linguísticas.

Alguns estudiosos dos processos de formação de palavras dizem que é na sufixação que ocorre o processo de revitalização do léxico com maior vitalidade e ainda que o sufixo -eira é um dos mais produtivos da nossa língua, todavia existe nele uma potencialidade pejorativa.

Penso que existe sim uma conotação pejorativa no termo blogueira - e por isso me pareceu desagradável.

Para concluir, a escolha de blogueira(o) pode ter surgido da contaminação com o termo funkeira(o), que embora tenha significado diferente, tem prestígio popular e o uso se disseminou.



5 comentários:

  1. Adorei o texto Rita. Fiquei pensado sobre o tema, e nem tinha me atentado para a denominação Bloguista, interessante, aliás, mais interessante que Blogueira. Valeu pelos esclarecimentos.

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    1. Obrigada, Conceição!

      Qual você prefere? Eu prefiro bloguista

      Bjs

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Desculpe, errei duas vezes ao escrever, rs. Prefiro Bloguista.

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