terça-feira, 1 de março de 2016

ANDANÇAS


Publicarei alguns dos poemas que foram recitados no dia do lançamento de meu livro Sorrisos, amores e dores.



A recitação começou com o poema  


ANDANÇAS

Dos tempos de criança
que me solto à lembrança
da bola no chão, da pipa no céu,
a vida tinha gosto de mel.

O tempo monarca levou-me moça à rua passear,
mãos dadas sorrindo, pulando e caindo,
no trem da saudade vou-me indo.

O corpo já feito, os olhos mais fortes,
o segredo da vida se tornara familiar,
via-me chorando, aprendera a beijar,
estava a caminho de saber amar.

Os fantasmas do destino,
lado a lado com o meu coração,
testaram meu corpo intacto,
colocaram-me no deserto,
espetaram-me um cacto.

A dama da inocência me serviu
um cálice de doçura,
não entendi o que o destino queria,
não retribuí a altura.

Os olhos do tempo me faziam gingar,
o sopro do vento vinha sussurrar,
as mãos do artista vinham me moldar.

Colocaram-me em um palco,
a solidão amargurava meu coração.
Deuses do amor aproximaram-se,
ninfas da vertigem adormeceram-me.

Os sonhos invadiram minha mente,
senti um calor incandescente,
asas brancas envolveram-me,
a clareza da sedução delineou-me,
lapidaram-me. Chegou o amor!

Criou feridas em meu corpo,
as foices da mágoa apunhalaram-me,
as mãos tenras do prazer me foram anfitriãs.
Sobrevivi pela força de ser mulher.

Em outro vestido, me colocaram fora do ato,
passei as mãos em minha dor,
acatei as falas do amor,
caminhei por um longo chão sem cor.

Acordei com os olhos na lua e
os cabelos lentos da segurança
tomaram meu corpo.
Continuei com fé,
pronta para minha andança.



Aguardo os comentários de vocês, leitores. Para quem escreve é sempre bom ouvir o que tem a dizer quem lê. 
Este poema fiz há muito, desde o primeiro amor até o início do amadurecimento na vida.


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